12.14.2008

Brasil: Lugar comum

Desde que Mallu Magalhães apareceu no mundo, a Rolling Stone sempre dá um jeito de citá-la. Já foram dúzias de entrevistas, fotos, resenha de disco e tudo mais que dá pra fazer. Na última, uma entrevista de uma página, com três ou quatro citações a MPB. Pelo que parece o Camelo além de comer ela ainda deve tá cheio daqueles papos de "gênios da música brasileira" que essa gente adora, e é sobre isso que eu tenho pensado últimamente... Brasil, um lugar comum.

Não quero discutir se alguém é ou deixa de ser gênio, muito menos qualidade músical, até porque não sou grande conhecedor dessa música, mas quero entender porque em um país "tão rico em cultura, com um povo tão criativo" como a Globo sempre diz, sempre que alguém fala de música brasileira sempre vai ter Tom, Chico, Vinícius, Caetano, Gilberto e Gil? Digo, não é tão rico assim? Se é tão rico, porque os nossos "gênios" são tão antigos e tão repetitivos? E porque sempre que alguém cresce musicalmente nesse país, vai sempre cair em bossa-mpb-whatever (OI los hermanos), e começar a cuspir no rock?

Enquanto o mundo todo funciona por fases (cada "década" tem meia dúzia de movimentos, artistas, bandas, músicas que marcaram) o Brasil ainda vive na bossa nova e no tropicalismo. Toda sexta-feira o Nelson Motta puxa saco dessas coisas na coluna dele no Jornal da Globo. A Globo (de novo!) põe artistas novos naquele Som Brasil. Cibelle, Móveis, Vanguart e todos esses pra tocar o que? "Homenagens as músicas que fizeram a cabeça de todos ontem e hoje", pronto, lá vai essa gente tocar Garota de Ipanema, Cálice, Se Todos Fossem Iguais a Você e Águas de Março (me-mata-ok). O maior boom da mpb dos últimos anos quem foi? Maria Rita. Maria quem? AH! A filha da Elis Regina.

Quem é o "roqueiro" super LOCO-UHUUUUUL que a Globo (ahaha) AMA tanto que fez até filme sobre? Duas dicas: Era filho de um produtor-figurão, e se estivesse vivo hoje em dia lançaria um disco de bossa a cada quatro anos. Lembrou? Cazuza. Ele é a cara do rock nacional até hoje: Filho rico de produtor, com carreira feita, e que já tava cuspindo no rock quando tava nas últimas.

Pra você ser músico respeitado nesse país, tudo que você tem que fazer é chamar Tom Jobim de gênio em meia dúzia de entrevistas e pronto! Todos vão te respeitar como se você super entendesse de música. Não é uma questão da "galera de hoje em dia" não ser boa. Daqui há vinte anos vão falar que a Cibelle fazia nossa cabeça, sendo que meia dúzia de indies que se importam.
Falta alguém pra falar que "tudo isso é uma merda". Falta coragem.


pic unrelated
Na semana que vem, "Música pra gringo ouvir": Devendra Banhart e Beck, dois iludidos pela MPB.